Balança & Espada

"A justiça tem numa das mãos a balança em que pesa o direito, e na outra a espada de que se serve para o defender. A espada sem a balança é a força bruta; a balança sem a espada é a impotência do direito" (JHERING)



Jurisprudência

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

PENSAMENTO CONCEITUAL - DALAI LAMA

O "eu" é simplesmente constituído pela conceitualidade na dependência de mente e corpo; não é estabelecido em virtude de sua própria entidade.
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Buda diz que o mundo todo é dependente de pensamento conceitual.
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Na verdade, objetos externos são parte do processo pelo qual a consciência deles é gerada, como no caso em que vemos uma árvore e seus arredores, mas, se a dependência do pensamento significasse que um pensamento é necessário para construir tudo o que vemos, isso seria um absurdo. Parece-me, portanto, que, afinal de contas, dizer que o mundo é estabelecido por pensamento conceitual significa que os objetos, sem depender da consciência, não podem estabelecer sua existência unicamente por si mesmos. Desse ponto de vista, diz-se que o mundo — todos os fenômenos, tanto pessoas quanto coisas — é constituído por pensamento conceitual.
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A reflexão sobre o entrelaçamento dependente no cerne do surgimento dependente de causa e efeito confirma a compreensão de que os fenômenos são meramente nominais, meramente imputados, e nada mais que isso. Quando você compreende que a mera imputação solapa por si só a ideia de que os fenômenos existem em e por si mesmos, sua tarefa de descobrir a visão budista da realidade está completa. Tenho a esperança de estar me aproximando desse ponto.
Se compreender que, não importa o que pareçam aos seus sentidos ou à sua mente pensante, aqueles objetos são estabelecidos na dependência do pensamento, você superará a ideia de que os fenômenos existem por si mesmos. Compreenderá que não há nenhuma verdade em seu estabelecimento por si mesmos. Compreenderá o vazio, a ausência de existência inerente, que existe além da proliferação de problemas decorrentes da visão dos fenômenos como existentes em si mesmos e fornece o remédio para a eliminação do engano.
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Nada pode existir a menos que seja constituído por conceitualidade. Tudo é visto como dependente da mente — a mente é autorizador.
É por isso que as escrituras budistas dizem que o "eu" e outros fenômenos só existem por meio do poder do pensamento conceitual. Embora o "eu" seja constituído na dependência de mente e corpo, mente e corpo não são o "eu", nem o "eu" é mente e corpo. Não há nada na mente e no corpo (na dependência dos quais o "eu" é constituído) que seja o "eu". Portanto, o "eu" depende do pensamento conceitual. Ele e todos os outros fenômenos são constituídos pela mente. Quando compreende isto, você obtém uma pequena ideia de que as pessoas não existem em e por si mesmas e são apenas dependentemente estabelecidas. E quando vir que os fenômenos geralmente não parecem estar sob a influência da conceitualidade, parecendo existir por si mesmos, você pensará: "Ah! É isto que está sendo refutado".

 DALAI LAMA, Como saber quem você é, Org. Jeffrey Hopkins, Rio de Janeiro, Agir: 2008, p. 166, 167, 168, 172, 173 e 174.


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