Balança & Espada

"A justiça tem numa das mãos a balança em que pesa o direito, e na outra a espada de que se serve para o defender. A espada sem a balança é a força bruta; a balança sem a espada é a impotência do direito" (JHERING)



Jurisprudência

quinta-feira, 20 de julho de 2017

HITLER, O MEDÍOCRE VAGABUNDO

Por Jorge Quadros

Quando achamos que já sabemos tudo sobre o nazismo, surgem novas informações. Nossa interpretação evolui, assim como nossa maturidade nos ajuda a entender e a compreender melhor os fatos.
Recente documentário na Netflix (Hitler: uma carreira, direção Joachim Fest e Christian Herrendoerfer, Alemanha, 1977) demonstra que Hitler era um vagabundo: nunca trabalhou na vida. Nunca foi tirada uma foto sua trabalhando na sua escrivaninha na Chancelaria; nunca fora realizada uma reunião na mesa de conselho de ministros.

Hitler vivia viajando dentro do País, para fazer discursos o tempo todo, porque só isso lhe dava prazer na vida. Gritar, rosnar, gesticular e receber Heil Hitler. Discursos vazios, estéreis, que não diziam nada com nada. "Alemanha acima de todos", o tempo todo. Vingança, raça superior, etc. Discursos de ódio, com representação caricaturesca. Um farsante escolhido pelo povo, que sabia muito bem quem ele era e quais os seus propósitos. Ele deixara claro isso, porque escrevera o livro Minha Luta quando preso, no início de sua tragicomédia.
Hitler, porém, deixou vários legados para o mundo, a maior parte deles contrários a seus interesses:
1) criação do Estado judeu; 2) Muro de Berlim durante décadas; 3) tabu e vergonha para o alemão comentar a guerra com pessoas de outras nacionalidades (japoneses e italianos não têm esse problema); 4) criminalização do antissemitismo; 5) invasão muçulmana na Alemanha; 6) destruição da Alemanha e da Europa (arte, história, arquitetura etc); 7) Mercado Comum Europeu e depois união política (internacionalismo, em vez de nacionalismo); etc.
Hitler era mesmo um vagabundo. Complexado pela pobreza em Viena, em vez de progredir com o estudo e o trabalho, passou à política com o discurso do ódio. Se tivesse se deixado levar pela ideologia marxista, teria transferido seu ódio para os "capitalistas", "burgueses", "banqueiros" e "classe média" (isso, aliás, lembra o discurso da filósofa petista Marilena Chauí), mas, miserável como era de espírito e cultura, tomou um caminho irracional e obscuro: preferiu transferir o ódio aos vitoriosos da I Guerra Mundial e aos judeus.
O povo alemão, que certo dia produzira a 9ª Sinfonia (Beethoven) e escrevera Fausto (Goethe), quis e venerou o vagabundo.