Balança & Espada

"A justiça tem numa das mãos a balança em que pesa o direito, e na outra a espada de que se serve para o defender. A espada sem a balança é a força bruta; a balança sem a espada é a impotência do direito" (JHERING)



Jurisprudência

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

IMPERMANÊNCIA - DALAI LAMA

Somos excessivamente apegados ao fluxo usual da vida. Temos a sensação de que ela durará para sempre, e com esse tipo de atitude tornamo-nos fixados em superficialidades — bens materiais, amizades e situações temporárias. Para superar essa ignorância, você precisa refletir sobre o fato de que chegará um dia em que não estará mais aqui.
Mesmo que não haja nenhuma certeza de que você morrerá esta noite, quando cultiva uma consciência da morte você admite que isso poderia ocorrer. Com essa atitude, se há alguma coisa que você possa fazer para ajuda-lo tanto nesta vida quanto na próxima, você lhe dará precedência sobre alguma coisa que só o ajudaria nesta vida de uma maneira superficial. Ademais, não sabendo o certo quando a morte virá, você se absterá de fazer alguma coisa que poderia prejudicar tanto a sua vida presente quanto as futuras. Será motivado a desenvolver atitudes que atuem como antídotos para várias formas de mente indomada. Depois, quer você viva um dia, uma semana, um mês ou um ano, esse tempo será significativo, porque seus pensamentos e suas ações serão baseados no que é benéfico a longo prazo. Em contraposição, quando você fica sob a influência da ilusão de permanência e desperdiça seu tempo com assuntos que não vão além da superfície desta vida, sobre grande prejuízo.
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É da natureza da existência cíclica que aquilo que se reuniu — pais, filhos, irmãos, irmãs e amigos — acabará por se dispersar. Por mais que amigos gostem um do outro, por fim deverão se separar. Gurus e discípulos, pais e filhos, irmãos e irmãs, maridos e mulheres, e os melhores amigos — não importa quem sejam — deverão por fim se separar. Além de nos separarmos de todos os nossos amigos, toda a riqueza e recursos que acumulamos — por mais maravilhosos que sejam — se tornarão por fim inutilizáveis; a brevidade desta vida presente nos obrigará a deixar toda a riqueza para trás.
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Como disse Buda: "Compreenda que o corpo é impermanente com um caso de barro".
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As substâncias que compõem os objetos à nossa volta se desintegram a cada momento; de maneira semelhante, a consciência interna com que observamos esses objetos externos também se desintegra a cada momento. Essa é a natureza da impermanência sutil. Os físicos das partículas não dão como certa a aparência de um objeto sólido, como uma mesa; em vez disso, procuram mudanças em seus menores elementos.
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Como nossas atitudes de permanência e amor-próprio são o que destrói todos nós, as meditações mais frutíferas são sobre a impermanência e o vazio da existência inerente por um lado e o amor e a compaixão por outro. Foi por isso que Buda enfatizou que as duas asas de uma ave que voa para a iluminação são a compaixão e a sabedoria.

DALAI LAMA, Como saber quem você é, Org. Jeffrey Hopkins, Rio de Janeiro, Agir: 2008, p. 166, 167, 168, 172, 173, 174, 190 e 191.



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