Balança & Espada

"A justiça tem numa das mãos a balança em que pesa o direito, e na outra a espada de que se serve para o defender. A espada sem a balança é a força bruta; a balança sem a espada é a impotência do direito" (JHERING)



Jurisprudência

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

CAUSA E EFEITO - DALAI LAMA

Todos os sistemas budistas afirmam que efeitos surgem na dependência de causas. Aqui causa e efeito estão numa sequência temporal, um efeito ocorrendo após sua causa. Isto é surgimento dependente no sentido de produção independente.
Somente a perspectiva filosófica mais elevada dentro do budismo contém uma consideração adicional, a de que, como a designação de algo como "causa" depende da consideração de seu efeito, nesse sentido uma causa depende de seu efeito. Uma coisa não é uma causa em e por si mesma; é chamada de uma "causa" em relação a seu efeito. Aqui o efeito não ocorre antes de sua causa, e sua causa não passa a existir após seu efeito; é pensando em seu futuro efeito que designamos algo como uma causa. Isto é surgimento dependente no sentido de designação dependente.
(...)
Agente e ação dependem um do outro. Uma ação é postulada na dependência de um agente, e um agente é postulado na dependência de uma ação. Uma ação surge na dependência de um agente, e um agente surge na dependência de uma ação. Entretanto, eles não são relacionados da mesma maneira que causa e efeito, uma vez que um não é produzido antes do outro.
Por que razão as coisa são, em geral, relativas? Por que uma causa é relativa a seu efeito? É porque não é estabelecida em e por si mesma. Se fosse esse o caso, uma causa não precisaria depender de seu efeito. Mas não há causa auto-suficiente, e é por isso que não encontramos nada em e por si mesmo quando examinamos uma causa analiticamente, embora nos pareça em geral que cada coisa tem sua própria existência independente. Como as coisas estão sob a influência de algo diverso de si mesmas, a designação de algo como causa depende necessariamente da consideração de seu efeito. Esse é o caminho pelo qual percebemos que a compreensão mais sutil do surgimento dependente como designação dependente é correta.
(...)
O surgimento dependente de causa e efeito decorre de sua designação dependente, a qual indica ela mesma que causa e efeito não têm existência própria; se tivessem, não teriam de ser designados de maneira dependente.

DALAI LAMA, Como saber quem você é, Org. Jeffrey Hopkins, Rio de Janeiro, Agir: 2008, p. 169, 170 e 171.



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