Balança & Espada

"A justiça tem numa das mãos a balança em que pesa o direito, e na outra a espada de que se serve para o defender. A espada sem a balança é a força bruta; a balança sem a espada é a impotência do direito" (JHERING)



Jurisprudência

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Caso Isabella - 4º dia de julgamento (25.03.2010)


Respondendo às perguntas do próprio defensor, Alexandre Nardoni usava óculos, passando imagem diferente da transmitida pela mídia durante os dois anos que se passaram desde a morte da filha.



Com ar de bom-moço, respondia às perguntas, ao mesmo tempo em que uma animação, provavelmente feita a pedido da polícia, era exibida numa tela de projeção, pendurada num tripé a cerca de dez metros diante dos jurados.



Parcialmente visível para a plateia, a tela mostrava a cena em que o acusado, carregando Isabella, teria subido na cama, se ajoelhado e arremessado a menina através da rede de proteção, cortada.



Alexandre Nardoni respondia às perguntas, simplesmente dizendo: “Esse filminho é mentiroso”. “Isso não aconteceu”. “É mentira”. “De jeito nenhum”. Em seguida, levantou-se para, utilizando-se da maquete do prédio, descrever como o fato acontecera segundo ele mesmo.



Terminado seu interrogatório, iniciou-se o de Anna Carolina Jatobá, cujo cabelo estava preso para trás e que era bem menor em estatura em relação ao marido.



A ré começou seu depoimento, respondendo ao juiz Maurício Fossen como havia sido o dia do crime e descrevendo, com detalhes, fatos anteriores sem nenhuma importância, para, então, relatar como era o relacionamento com o cônjuge e a ex-mulher deste.



Angustiada, nervosa e falando muito rápido, a ponto de ser interrompida várias vezes pelo juiz, para que o estenotipista não perdesse o registro, Anna Carolina contou o histórico de ciúme de Alexandre, que teria, segundo ela mesma, fama de mulherengo, antes do casamento.



Relatou as brigas iniciais, a mudança para o Edifício London, as conversas com Ana Carolina Oliveira, inclusive pelo MSN (internet), e a afeição que tinha pela vítima, até chegar à cena do crime.



Contou que permaneceu na garagem, enquanto o marido levava Isabella para cima; descreveu um carro preto com som alto, que os teria impedido de subir, imediatamente, com os dois filhos menores, que dormiam; a subida pelo elevador; enfim, o momento em que ingressaram no apartamento e não viram Isabella.



Falou sobre lavagem de uma fralda, suja de Nescau, da tesoura que usava para cortar frango, das chaves do apartamento, das ligações que fez logo em seguida à queda da vítima, do instante em que ao lado desta encontrou Ana Carolina Oliveira, e descreveu o que teria dito a ela durante o enterro.



Respondeu às perguntas do promotor Francisco Cembranelli e às da assistente de acusação, a advogada Cristina Christo Leite, a quem, num clima de grande constrangimento, explicou por que motivo, certa vez, se queixara contra seu próprio pai na Delegacia da Mulher, do que resultou a elaboração de um boletim de ocorrência.



Chorou várias vezes ao longo de seu depoimento e apenas encontrou algum conforto quando seu próprio defensor, Roberto Podval, iniciou a inquirição, perguntando, de supetão, se ela teria matado Isabella.



A pedido do advogado, Anna Carolina Jatobá se levantou e, utilizando-se de uma maquete do apartamento, descreveu os passos do casal, até o momento em que descobriram que Isabella havia sido jogada através da janela.



Podval, tal como um regente, passou a gesticular o braço direito, ao mesmo tempo em que fazia suas perguntas, gentilmente, conduzindo a interrogada, em harmonia, para respostas supostamente já conhecidas por ele, dessarte querendo transmitir aos jurados informações positivas sobre ela.



Findo o interrogatório, o juiz Maurício Fossen, então, anunciou o desfecho da acareação pretendida pela defesa — uma confrontação de depoimentos que seria realizada entre a mãe da vítima, confinada e isolada no fórum desde segunda-feira, e os réus.



Falando ao microfone, o magistrado contou que, na parte daquela manhã, um psiquiatra do Tribunal de Justiça diagnosticara um quadro agudo de estresse em Ana Carolina Oliveira, que a impedia de depor juntamente com os réus, e que, diante dessa situação, a defesa desistira da acareação, para liberar a mãe da vítima, o que terminara acontecendo.



Sua excelência declarou encerrada a sessão e designou o dia seguinte para os debates.

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