Balança & Espada

"A justiça tem numa das mãos a balança em que pesa o direito, e na outra a espada de que se serve para o defender. A espada sem a balança é a força bruta; a balança sem a espada é a impotência do direito" (JHERING)



Jurisprudência

terça-feira, 2 de maio de 2017

SOLIDÃO

Um sannyasin é aquele que aceitou a própria solidão. Isso é fundamental. Tornando-se um sanyasin,você não está se tornando parte de uma organização... você está se tornando suficientemente corajoso para aceitar um fato: que o homem existe em solidão. E isso é tão fundamental que não há jeito de escapar; é tão fundamental como a morte. Na verdade, a morte não faz mais do que avisá-lo de que você sempre esteve sozinho e que continua sozinho.
(...)
Tornar-se um sanyasin significa que você anulou a morte, e pode lhe dizer: "Agora você pode vir, que não encontrará nada para destruir, pois eu mesmo destruí tudo". O sannyas é uma morte voluntária, é um suicídio espiritual. É uma declaração: "Estou só, e minha solidão é tão fundamental que não há jeito de perdê-la".
(...)
Você não pode escapar da morte, e não pode escapar da solidão. Tente quanto quiser, mas todos os seus esforços fracassarão. Ninguém nunca conseguiu evitar a solidão, pois ela está em seu ser. Quando você está evitando a solidão, está evitando você mesmo; como você pode evitar a si mesmo? Como fugir de si mesmo? Tentando fugir, você perde a beleza de ser só. Na verdade, você começa a pensar que está sozinho, pois está perdendo a beleza da solidão.
Estar só é belo; estar solitário é feio. Os dois não significam a mesma coisa, embora o dicionário diga que sim. A solidão é uma experiência muito bela. Você é puro, não está contaminado pela presença de ninguém, não há nenhuma sombra sobre você. Há uma claridade, uma limpidez... seu ser puro, virgem — ninguém nunca viajou nesse território de tremenda beleza, silêncio, bem-aventurança.
(...)
Estar solitário é feio. Essa ideia surge quando você tenta escapar de si mesmo e não pode escapar. Então você cai nesse estado solitário e sente falta do outro. Você não vê sua própria presença, e sente falta da presença do outro; seu enfoque está todo errado. Você não olha para dentro de si; olha para fora. Você diz: "Algum amigo podia vir aqui... ou devo ir ao restaurante? Ou devo ir ao clube, ou ao cinema, ou ver televisão? O que devo fazer?" Você não olha para dentro; olha para fora. Você espera pelo outro, seus olhos procuram o outro... e o outro não está.




(...) Você pode amar, mas não pode pertencer, não pode apegar-se. Você pode amar, mas não pode possuir nem ser possuída. Sua liberdade é suprema; ninguém pode possuir você, ninguém pode torná-la uma escrava. Você não pode tornar-se sombra de ninguém. É isso o que quero dizer quando afirmo que sua solidão é suprema.(...)
O que é meditação? É entrar na solidão. É ir para o mais profundo de seu ser, onde ninguém nunca entrou, onde você, e só você, pode entrar. Essa é a sua intimidade, a sua subjetividade.
Você pergunta: Às vezes vem um sentimento de não pertencer a lugar nenhum... você não pertence. Isso é bom; esse sentimento não é errado. Ele simplesmente traz à realidade. (...)
Às vezes vem um sentimento de não pertencer a lugar nenhum... você não pertence. O todo é seu; você não pertence a lugar nenhum... pois isso seria muito limitado. Tudo é seu: Deus, o céu, tudo é seu. Você não pertence a lugar nenhum. Pertencer seria uma limitação, uma finitude, e o infinito é seu.
(...)
Somos realmente tão sós? Somos... mais do que você pensa.
(...)
Mahavira, um dos maiores Mestres do mundo, chamou o último estado de "kaivalya". Kaivalya significa solidão absoluta,,, essa palavra é de grande beleza. Ele diz: Quando você atinge o seu ser mais profundo, torna-se absolutamente livre, e esse estado é de pura solidão — kaivalya. E, a partir daí, a luz, a compaixão; tudo nasce daí; por isso, não evite a solidão.

OSHO (Bhagwan Shree Rajneesh), A Divina Melodia, São Paulo, Editora Cultrix: 1993, p.210/214.

Nenhum comentário:

Postar um comentário