Vários furgões da imprensa, com antenas enormes, estavam estacionados à frente do Fórum Regional de Santana, onde uma multidão de curiosos e de pessoas que ansiavam por justiça aguardava, na calçada, por qualquer tipo de notícia.
Num dia quente e abafado, dezenas de policias faziam a segurança do prédio, num clima de agitação e badalação, que incluía até poses para fotografias, tiradas por um colega, que, para isso, chegou a parar, por um instante, todo o trânsito de um dos sentidos da Avenida Engenheiro Caetano Álvares.
Assim mesmo, consegui ingressar no prédio.
Na calçada, um grupo de pessoas vestia camisetas brancas com o retrato da vítima Isabella. Outros seguravam cartazes incriminando os acusados. Um terceiro prendia-se a uma cruz de madeira, em cujas pontas fotografias dos envolvidos, fixadas, eram exibidas com ostentação.
Uma faixa enorme tinha o rosto da menina com a bandeira do País ao fundo, indicando claramente ao lado de quem o público ali presente estava.
Dirigi-me ao recinto do julgamento e me sentei na penúltima fileira, onde contei cerca de 77 assentos para a plateia.
Ana Carolina Oliveira, após ouvir um breve relato do juiz Maurício Fossen, iniciou seu depoimento, contando como deixara a filha Isabella com o ex-marido, com quem a menina passaria o final de semana. Contou o telefonema inesperado que recebeu de Anna Carolina Jatobá e disse que pensara que a filha teria caído numa piscina. Falou ter anotado o endereço e se dirigido ao Edifício London, imediatamente.
Em seguida, relatou com emoção e choro o momento em que encontrou a filha caída no jardim do prédio. Descreveu o coração de Isabella, batendo forte para, depois, diminuir no interior da ambulância.
Assim, a despeito da formalidade que imperava no ambiente, a silenciosa plateia ficou emocionada.
Ao lado direito do juiz, com tranquilidade o promotor Francisco Cembranelli ouvia atento o relato, já que, logo em seguida, faria suas perguntas diretamente à mãe da vítima. Ao lado direito dele, a assistente de acusação, a advogada Cristina Christo Leite.
À esquerda do magistrado, os réus, sentados lado a lado, pouco visíveis ao público, meio escondidos por uma coluna de concreto que dividia a parede onde se situavam as janelas do recinto.
À esquerda deles, três advogados numa espécie de parlatório de madeira. Roberto Podval, sentado, liderava o grupo como principal defensor.
Do outro lado da bancada, estava o grupo de sete jurados, com idade média aproximada de 30 anos e aparência indicando nível cultural elevado.
Prosseguindo no seu depoimento, Ana Carolina Oliveira relatou a relação tumultuada com o ex-marido e o ciúme da segunda mulher deste.
Perto do final, revelou, chorando, que Isabella, quase seis anos de vida, já havia aprendido todas as letras do alfabeto e pretendia escrever, a fim de redigir uma cartinha de amor para a mãe.
Do plenário, rapidamente, saiu uma mulher, por culpa da emoção que não conseguira conter.
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